sábado, 20 de junho de 2015

#Eu indico


- O blog DipNote- U.S Department of State Official Blog, produzido pelo Departamento de Estado estadunidense, tem por objetivo tornar os assuntos de política externa públicos, ao mesmo tempo que fomentar a discussão da política externa norte-americana entre o público e os oficiais sênior do Departamento.

*Recomendo por dois motivos: primeiro, é uma oportunidade de treinar o inglês diplomático; segundo, é uma chance de estar próximo da política externa americana oficial.




- O blog, Carnets diplomatiques - Le blog des diplomates français, produzido pelo Ministère des Affaires Étrangères de la Republique Française, tem por objetivo ser uma ferramenta dinâmica de intercâmbio entre a sociedade civil e os atores da diplomacia francesa.

* Recomendo por dois motivos: primeiro, é uma oportunidade de treinar o francês diplomático; segundo, é uma chance de estar próximo da política externa francesa oficial.


P.S: Na aba, Blog Sobre Diplomacia, no lado direito deste blog, você encontrará os links de redirecionamento para os dois blogs.

domingo, 14 de junho de 2015

O Congresso de Viena (1815-2015)

Congrès de Vienne, Jean-Baptiste Isabey, 1819

O Congresso de Viena completou 200 anos no último 9 de junho. A ciência de Relações Internacionais costuma dizer que esse evento foi de suma importância para as alterações nas dinâmicas Estatocêntricas. A paz de Westphália em 1648, trouxe o respeito à soberania e à integridade territorial entre os Estados, como novidade nas relações inter-estatais. Mas não pode firmar um equilíbrio de poder entre as potências europeias que evitasse a guerra, casos expressos no século XVIII, sobretudo na 1ª Guerra de sucessão austríaca (1740-1748) e na 2ª Guerra dos Sete Anos (1756-1763). A balança de poder europeia marcada pela volatilidade, é alterada a partir das convulsões da Revolução Francesa (1789) e pelas guerras napoleônicas, quando firma-se no Congresso de Viena o acordo de paz entre Inglaterra (negociador: Lorde Castlereagh), França (negociador: Tayllerand), Império Austro-Hungaro (negociador: Príncipe Von Metternich), Prússia (negociador: Princípe Von Hondeberg) e Rússia (negociador: Czar Alexandre I).  Após o acerto em 1815, a Europa viveria um período duradouro de paz, apenas interrompido pela Guerra da Crimeia em 1854, baseado entre outras premissas pela inédita multipolaridade entre os países, que possibilitou a construção do equilíbrio de poder.

A nova configuração das fronteiras europeias após 1815

Para lembrar a data, o Ministério das Relações Exteriores da França produziu o documentário intitulado, O Congresso de Viena ou a invenção de uma nova Europa. Por meio de entrevistas com dois ex-ministros de Relações Exteriores, Hubert Védrine e Dominique de Villepin, e com o atual ministro de Relações Exteriores, Laurent Fabius, é contado pela ótica francesa,  os bastidores do Congresso de Viena, através de seus jogos, seus atores e seus objetivos. Em especial, o papel do gaulês, Tayllerand, representante francês, que conseguiu negociar ganhos para o seu país em um momento em que a França estava fragilizada com a queda de Napoleão Bonaparte. Segundo os Ministros, Tayllerand representava  'l'avocat des petites puissance" e ao mesmo tempo, "le jouer avec les grands puissances".  Em outras palavras, ele soube conduzir a negociação de forma equilibrada entre os países, para que os franceses não perdessem seus interesses nacionais, especificamente, que as suas fronteiras não fossem reduzidas. Não por acaso, os inventores da "raison d'État", conseguiram manter suas díades próximas ao período pré-revolucionário de 1789.


 
 Produzido pelo " Ministèsre des Affaires étrangères et du Développment Internacional de la République Française"

Veja as entrevistas do documentário na íntegra : Le Congrès de Vienne ou l'invention d'une nouvelle Europe

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Instituto Rio Branco: 70 anos em 7 momentos - Parte 4

Momento 4: As sedes do Instituto Rio Branco

Desde a sua criação, o Instituto Rio Branco (IRBr) teve várias sedes até a fixação de prédio definitivo em 1998. Após a criação oficial do Instituto em 1946, decidiu-se que sua sede seria  na antiga sede do Ministério das Relações Exteriores. Ela fica situada no número 196 da Avenida Marechal Floriano, no Rio de Janeiro, na época chamada de Rua Larga de São Joaquim, o palacete cor-de-rosa foi encomendado por Francisco José da Rocha (1806-1883), conde de Itamaraty, bem-sucedido comerciante de café e pedras preciosas. A construção do palácio da Rua Larga foi concluída em 1854 e assinada por José Maria Jacinto Rebelo, discípulo de Grandjean de Montigny.  Em 1889, a casa foi vendida ao governo republicano e ocupada pela Presidência até tornar-se a sede do Ministério das Relações Exteriores.

Antiga sede do IRBr no Palácio Itamaraty, Rio de Janeiro, RJ, Brasil (1854)
A transferência de capital do país, da região Sudeste para o Centro-Oeste, trouxe modificações em todas as esferas da administração federal. Em 1961, foi construído o Palácio dos Arcos em obra assinada pelos arquitetos Oscar Niemeyer e Lúcio Costa. Entretanto, apenas em 1976 o IRBr decidiu por fim a sua estância no Rio de Janeiro, e fazer a sua mudança para Brasília. Ao chegar no local, houve dificuldade em sua instalação, porque não havia espaço  no Anexo I do Palácio Itamaraty. Cogitou-se que seu funcionamento acontecesse na UNB. Somente em 1977, ele passará a funcionar no oitavo andar do Anexo I.


Ministério das Relações Exteriores, anexo I, Brasilia DF, Brasil (1974)

Nos anos de 1980, especificamente em 1987, o IRBr começou a funcionar no Anexo II, que atualmente é ocupado pela Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG).

Passarela Entre o Anexo I e o Anexo II (1974)

A sede definitiva foi inaugurada em 7 de dezembro de 1998, com o discurso do presidente, Fernando Henrique Cardoso (*veja abaixo). O projeto foi concretizado em acordo de cooperação técnica, assinado, sob a autorização do Senado Federal, entre o Itamaraty e o Banco Interamericano de Desenvolvimento. Ele foi projetado pelo arquiteto Luiz Antônio Reis, em área construída de 3.598 m² doado pelo Governo do DF, a um custo total de R$2.294.998,98, ou seja, R$639,00 o metro quadrado.

Fachada do prédio do IRBr, Brasília, DF,  Brasil (1998)

Além de contar com espaço para as aulas, o IRBr conta com biblioteca especializada, denominada "Embaixador João Guimarães Rosa", onde se encontram livros referência de política externa e relações internacionais e teses do Curso de Altos Estudos (CAE). Conta, ainda, com o auditório "Embaixador Araújo de Castro", que possui capacidade para 118 pessoas.

Palestra no auditório "Embaixador Araújo de Castro"
Também, conta com um jardim interno, projetado pelo paisagista Ruy Ururahy, cuja obra é pautada pelo uso de plantas nativas do cerrado e as resistentes aos longos períodos de estiagem típicas do bioma.

Jardim interno, feito por Ruy Ururahy
Corredores do IRBr

A sua decoração conta com acervo artístico renomado, espalhados pela extensão do prédio, tais como: Amélia Toledo, Athos Bulcão, Emanoel Araújo, Francisco Brennand,  Luís Geraldo Nascimento,  Regina Silveira, Tomie Ohtake.

Painel de azulejos, Athos Bulcão 
Escultura em aço, Emanoel Araújo

Escultura em tubo de aço pintado, Tomie Ohtake

* Veja abaixo o discurso do presidente da república, Fernando Henrique Cardoso, em 7 de dezembro de 1998:

Discurso na cerimônia de inauguração da nova sede do Instituto Rio Branco
PALÁCIO DO ITAMARATY. BRASÍLIA, DF, 7 DE DEZEMBRO DE 1998

Senhor Vice-Presidente da República, Dr. Marco Maciel; Sua Eminência Reverendíssima, Cardeal-Arcebispo de Brasília, Dom José Freire Falcão; Senhor Embaixador Luís Felipe Lampreia, Ministro das Relações Exteriores; Senhor Governador do Distrito Federal, meu amigo Cristovam Buarque;Senhores Ministros de Estado; Senhoras e Senhores Chefes desta Casa; Senhor Diretor do Instituto Rio Branco, Embaixador André Amado; Senhoras e Senhores Diplomatas e Alunos; Senhoras e Senhores, 

Eu queria fazer umas brevíssimas reflexões - depois de agradecer, como faço neste momento, a generosidade das palavras do Embaixador Amado e do Ministro Lampreia a meu respeito e a respeito do Governo — sobre o significado desse desprendimento, se é que assim se pode chamar, do Rio Branco com relação ao Itamaraty. Ele se desprende e vem para uma casa nova. Certamente, como já foi dito e ressaltado por quem conhece melhor do que eu esta Casa, a que recém-chego, as instalações são melhores, mais funcionais, são criativas e vão ajudar, portanto, a nossa diplomacia e o Brasil a realizar um trabalho constante de aperfeiçoamento, na linha do que disse o Embaixador Amado, e não apenas de aproveitamento dos diplomatas, mas do conjunto daqueles que trabalham no Itamaraty. Ao longo dos 52 anos da existência do Rio Branco, nós não temos dúvida nenhuma de que essa instituição deu certo. Ela, hoje, pela sua excelência, é reputada como modelo. Agora, o que significa dar certo numa instituição como o Rio Branco? Por que deu certo e o que significa dar certo? Certamente, aqui, nesta Casa, se criou um núcleo de formação de uma mentalidade de serviço público e de uma cultura que se orienta por valores públicos. É isso que, em primeiro lugar, significa que o Rio Branco deu certo. O Estado se legitima, ganha respeito quando, na verdade, defende claramente valores que são públicos. E, ao ouvir as palavras do Chanceler sobre o respeito que o Brasil tem hoje lá fora, tenham os senhores e as senhoras certeza de que esse respeito deriva da mesma atitude, ou seja, de que nós estamos colocando o bem público acima de quaisquer considerações. E é isso que se aprende nesta Casa. É a definição do que significa colocar o bem público acima de qualquer outro interesse. E não é fácil, numa sociedade como a nossa, diversificada, complexa, injusta em muitos aspectos, colocar o bem público acima de tudo, sobretudo no sentido de que - se temos a consciência do momento que vivemos e das vicissitudes pelas quais a nossa sociedade passou, e passa — significa colocar esta Casa, como colocar toda a administração do Brasil, a serviço, não dos privilegiados, mas dos que precisamente são os despossuídos, os que não dispõem de privilégios. Olhar para o bem público, no Brasil, é basicamente uma atitude de conduta íntima, que tem como valor central a ideia de que o Estado é feito para servir ao povo, à maioria do povo. E, quando digo que o Instituto Rio Branco coloca o bem público como o seu esteio, quero dizer que o Rio Branco e o Itamaraty têm colocado o interesse público, o interesse do Brasil acima de quaisquer outras considerações. É por isso que creio ser possível dizer que o Rio Branco deu certo porque formou pessoas capazes de encarnarem esse serviço público no que ele tem de melhor. É claro que, para que isso ocorra, foi preciso que se criasse uma mentalidade saudável de competição. Competição, no caso, quer dizer a escolha dos melhores. O que está por trás da eficiência da nossa diplomacia, do seu sentido de honestidade, de respeito ao bem público, é que há uma escola e essa escola seleciona os melhores; e, no decorrer da carreira, da mesma maneira, há mecanismos de seleção. Enganam-se os que pensam que a excelência e a seleção são alheios à democracia. Pelo contrário, a democracia implica que haja critérios objetivos na escolha dos mais capazes, para que os mais capazes possam ocupar-se do bem público, do bem de todos. Não fora assim e o bem de todos não seria bem servido, porque seria servido por aqueles que não foram treinados e que não foram selecionados a partir de critérios que supõem a excelência como uma das condições. É a degradação da democracia, normalmente pela forma populista - mas não só; no autoritarismo também -, que afasta a ideia de excelência e transforma a mediocridade num instrumento com se fosse de bem público quando, na verdade, é simplesmente um instrumento de deterioração do próprio Estado, que é condição fundamental para que o bem público seja servido. Aqui, nós temos, certamente, mecanismos de recrutamento, mecanismos de seleção, mecanismos de treinamento, mecanismos de promoção que estão baseados nestes pilares fundamentais: o sentido do bem público e a busca da excelência. Acredito que é fundamental ter isso presente para se entender o que significa o Estado nos dias de hoje. Seria errado, seria estranho imaginar que, numa sociedade moderna, o mercado pudesse substituir o Estado - ideia tosca, ideia simplória daqueles que não têm noção do que sejam sociedades contemporâneas, das complexidades delas. Pelo contrário, o Estado tem um papel insubstituível na busca de soluções, na promoção de valores, no avanço da justiça e na diminuição das desigualdades. Certamente nessa visão, que é a nossa, isso não significa que o Estado deva dar as costas à sociedade ou à iniciativa privada. Pelo contrário: sobretudo numa casa como esta, é fundamental que se tenha sensibilidade para se perceber que essa dedicação acendrada ao bem público e essa defesa dos valores centrais do Estado implicam também a compreensão mais ampla do papel do Estado, em termos das parcerias, em termos da consciência de que no mundo de hoje nada será feito no isolamento burocrático, tudo será feito no diálogo, na discussão com a sociedade, na crença de que a sociedade tem instrumentos capazes de avançar e de que haverá de existir essa cooperação permanente entre o Estado e a sociedade e entre o Estado e o mercado. Pois bem, aqui no Rio Branco, nós temos uma instituição com consciência disto. E basta referir o que há pouco foi dito pelo Embaixador Amado, que mencionou alguns nomes. Não se constrói uma nação para o futuro, se ela não é capaz de basear a sua visão do futuro - eu diria até mesmo no orgulho do que ela fez até agora - no seu passado. Aqui foram mencionados nomes que são marcos da nossa diplomacia - para começar, este retrato de Guimarães Rosa; a referência a antigos Chanceleres que honraram a nossa diplomacia, como Araújo Castro; a referência a José Guilherme Merquior, que honrou não só a diplomacia, mas a cultura nacional. E os nomes são inumeráveis. Repito apenas alguns, que foram aqui mencionados, mas são muitos. Isso é que faz esta casa do Itamaraty uma instituição exemplar. E porque ela tem essas condições, pode olhar para o futuro; porque ela tem essas condições, não pode se acomodar com os êxitos passados, mas tem que olhar os desafios do futuro e estar sempre pronta para a inovação. Os que respeitam o passado simplesmente para repeti-lo, na prática não o deslustram, porque, para que se possa respeitar o passado, é preciso que haja uma continuidade, e gloriosa, desse passado - o que implica, também, uma visão de futuro, uma visão que leve às transformações. Então, aqui, nesta nova casa, eu espero que surjam, também, novas ideias. Não haverá prosperidade, nem para o País, nem para a diplomacia, nem para ninguém se nós não formos capazes de ter novas ideias. Louvo o fato de que o Itamaraty vem passando por transformações importantes sob a liderança do Chanceler Lampreia, não apenas no sentido aqui materializado de realizações que são importantes, mas, também, no modo como nós estamos conduzindo a nossa política exterior, com autonomia, com independência, sem subserviência, sem complexos de inferioridade, sem estarmos, a todo tempo, proclamando que somos isso e aquilo, porque somos; simplesmente sendo o que somos, sem arrogância, mas com muita firmeza, com muita vontade de continuar servindo ao Brasil. Sei que é assim porque acompanho, como foi dito pelo Chanceler - e é verdade -, muito de perto todos os nossos eventos diplomáticos, toda a evolução da nossa democracia, da nossa diplomacia. Acompanho o quanto posso, participo deles, e não na condição de quem possa sozinho fazer qualquer coisa, porque, se é verdade que está na moda falar-se da diplomacia presidencial, não existe tal fenómeno se não houver diplomacia. O Presidente apenas acrescenta, quando pode, alguma coisa a ela - e sempre inspirado por ela. Não há de ser através, pura e simplesmente, de uma iluminação ocasional de um presidente que tenha o gosto por isso ou por aquilo que será possível levar a política externa do Brasil à frente. Será, ao contrário, pelo casamento entre instituições como o Rio Branco, formadoras, e instituições como o Itamaraty, que são implementadores; e, eventualmente, quando a sociedade, através daqueles que a representam, puder juntar-se a esse esforço. Creio que nós, hoje, estamos vivendo um desses momentos. E não direi nada de novo ao dizer-lhes que, na velocidade com que ocorrem as transformações no mundo contemporâneo, se não formos capazes de fazer também o nosso aggiornamento, se não formos capazes de, a cada instante, repensarmos o que fizemos, o que queremos fazer, o que podemos fazer, nós vamos ficar para trás. De modo que é essencial, para que o Brasil não perca espaço, que o Itamaraty continue aberto às correntes do tempo, aberto ao diálogo. E, para exemplificar esse espírito, que não é só meu, é desta Casa - fui Chanceler por pouco tempo, mas é do que mais saudade tenho -, foi possível criar algo que permaneceu: um conselho empresarial, que está até hoje bastante vivo. Tive orgulho de, pela primeira vez, reunir, também no Itamaraty, lideranças sindicais para discutirmos a política do Mercosul. E, quando havia uma certa prevenção quanto às organizações não-governamentais, nós as chamamos e fizemos a discussão de posições do Brasil em foros que eram altamente discutidos, à luz da época, com as organizações não-governamentais.
Hoje, o Brasil é reconhecido como um país que, oficialmente, respeita os direitos humanos. E, se não faz mais na prática, não é por falta de vontade política, mas é pelas dificuldades reais dos processos sociais. Agora mesmo, a concessão do prémio de direitos humanos ao Secretário de Direitos Humanos, José Gregori, é uma manifestação clara da mudança da percepção externa sobre o que significa o esforço do Brasil nesse tipo de política. Da mesma maneira, estamos avançando noutros temas delicados, como o tema do meio ambiente, onde daremos novos passos. Já demos passos importantes na reunião de Tóquio e, de novo, agora, na reunião de Buenos Aires, não nos colocando sempre na defensiva, como um país que se esconde porque tem problemas, mas, pelo contrário, renovando as nossas posições, colocando-nos quanto possível na vanguarda, embora reconhecendo que, muitas vezes, a vanguarda da política proposta não pode ser acompanha de imediato por uma implementação que seja à altura do que se propõe, porque as condições ainda não são suficientes para que haja uma mobilização da sociedade nessa direção. É nesse espírito de renovação que vejo o Itamaraty. E é com esta mesma vontade de ver o Itamaraty crescendo mais e mais que vejo o simbolismo da inauguração desta casa nova - casa barata, o que me alegra muito, porque sabem que sou pão-duro (risos}; mas, além disso, uma casa que foi capaz, também, de tomar da iniciativa privada o que ela tem de generoso e pedir que nos ajudassem, que vissem também, nos nossos painéis, nas nossas esculturas, nos nossos quadros, um pouco do espírito da nossa nação, da nossa criatividade, de tal maneira que não seja apenas uma casa de formação muito importante, de estudantes, mas que seja também uma casa em que os brasilienses agradeçam, mais uma vez, ao Governador Cristovam a generosidade e o empenho que teve para que fosse possível ser construída; para que os brasilienses possam vir aqui e sentir-se em casa, sentir-se à vontade, reconhecendo "pedaços" de si mesmos nas obras de arte que aqui estão. E, sobretudo, que os nossos estudantes, imbuídos pelas palavras do nosso Cardeal aqui presente, que deu a bênção de sagração da Casa, encontrem nesta Casa, realmente, um local de convívio que permita fazer, e tenho certeza que permitirá, com que o Itamaraty se torne até, no decurso do tempo, com as novas gerações, mais capaz, mais apto a servir ao bem público, ao Brasil e ao nosso povo.
Muito obrigado.



Bibliografia:

Anuário do Instituo Rio Branco 2013/ Ministério das Relações Exteriores. Brasília: Instituto Rio Branco, 2014.

Fernando Henrique Cardoso. Discurso na cerimônia de inauguração da nova sede do Instituto rio Branco. Brasília: Biblioteca da Presidência da República, 7  de dezembro de 1998.

terça-feira, 9 de junho de 2015

Moção de solidariedade ao povo armênio do Senado federal - Parte 2

O Governo da Turquia respondeu à moção de solidariedade feita pelo Senado Federal, chamando o Embaixador da Turquia no Brasil para consultas. Esse ato político, no jargão diplomático, significa que as relações entre os países estão mais tensas que o normal. O Itamaraty se manifestou hoje sobre o assunto em nota oficial, nº 210, com o nome "Decisão do Governo da Turquia de chamar para consultas seu Embaixador no Brasil":

O Governo brasileiro lamenta a decisão do Governo turco de chamar para consultas seu Embaixador no Brasil. Lamenta, igualmente, os termos da nota à imprensa divulgada pelo Governo turco a propósito da adoção, pelo Senado Federal, do Requerimento nº 550, que contém “Moção de Solidariedade ao povo armênio pelo transcurso do Centenário da Campanha de extermínio de sua população”.
No último dia 1º. de junho, o Embaixador turco foi chamado ao Itamaraty e recebeu do Secretário-Geral das Relações Exteriores, Embaixador Sergio Danese, amplas explicações sobre os procedimentos então em curso no Senado, sobre o sentido do Requerimento e sobre a tradicional posição do Brasil na matéria, que permanece inalterada. As mesmas explicações foram transmitidas pelo Secretário-Geral ao Embaixador da Armênia.
O Senado Federal agiu dentro de suas prerrogativas constitucionais e em consonância com o princípio da independência de Poderes consagrada pela Constituição brasileira.
O Governo brasileiro mantém a expectativa de que as relações bilaterais com a Turquia, formalmente definidas como estratégicas pelos dois países, possam retornar em breve à plena normalidade

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Portaria sobre o CACD 2015!


O Diário Oficial da União publicou, na data de hoje, como o Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata (CACD) será constituído em 2015. O modelo de prova foi mantido similar ao edital de 2014, definidos assim:

1ª fase: prova objetiva, de caráter eliminatório e classificatório, com questões de Postuguês, História do Brasil, História Mundial, Geografia, Política Internacional, Inglês, Noções de Ecnomia e Noçõe de Direito e Direito Internacional Público. Observação: Falta definir quantas questões serão por cada disciplina, ficando a cargo do organizador da prova.

2ª fase: prova subjetiva, de caráter eliminatório e classificatório, com questões de Língua Portuguesa.

3ª fase: uma prova subjetiva, de caráter eliminatório e classificatório, com questões de História do Brasil, Geografia e Política Internacional, Língua Inglesa, Noções de Economia, Noções de Direito e Direito Internacional Público; uma prova objetica de Língua Espanhola e Língua Francesa. observação: As mudanças em 2014 são mantidas na prova de Política Internacional e Geografia são conjuntas. E na prova de Espanhol e Francês permanece objetiva.


Além disso, serão 30 vagas em 2015. Aumentando em relação ao ano passado que foram 18. Finalmente, o prazo para ser feito a primeira prova após a publicação do Edital foi reduzido para 39 dias. Vale lembrar que em novembro último, o IRBr renovou o contrato com o CESPE (leia aqui) até 2016, para ser o organizador e realizador do CACD.

sexta-feira, 5 de junho de 2015

De Vinícius de Moraes, Para João Cabral de Melo Neto: Ubique Brasil Memor.

Vinícius de Moraes e João Cabral de Melo Neto em Paris, 1964

O livro, Pátria Minha, escrito  por Vinicius de Moraes e feito na prensa particular de João Cabral de Melo Neto em 1949, demonstra a sensação que um diplomata leva ao sair do país: a saudade da Pátria.   Amigos desde 1942, e  funcionários do Itamaraty, os dois se correspondiam com frequência, especialmente no período em que Vinicius ainda estava em Los Angeles e João Cabral em Barcelona.
O Pátria Minha, é o reconhecimento ao valor do Diplomata  em abdicar a presença física do território a qual pertence. O cheiro da saudade marca uma relação mais forte com o país, expressos a cada linha pelo "poetinha", que acrescenta mais uma produção sua em referência ao Brasil. Esse poema lembra a frase cunhada pelo Barão do Rio Branco: Ubique Patriae Memor. Frase em latim, que traduzida, significa: Em qualquer lugar, terei sempre a Pátria em minha lembrança. Em definitivo, é a Ubique Brasil Memor.


O poema, Pátria Minha (baixe o livro aqui) , na integra:

A minha pátria é como se não fosse, é íntima
Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo
É minha pátria. Por isso, no exílio
Assistindo dormir meu filho
Choro de saudades de minha pátria.

Se me perguntarem o que é a minha pátria direi:
Não sei. De fato, não sei
Como, por que e quando a minha pátria
Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água
Que elaboram e liquefazem a minha mágoa
Em longas lágrimas amargas.

Vontade de beijar os olhos de minha pátria
De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos...
Vontade de mudar as cores do vestido (auriverde!) tão feias
De minha pátria, de minha pátria sem sapatos
E sem meias pátria minha
Tão pobrinha!

Porque te amo tanto, pátria minha, eu que não tenho
Pátria, eu semente que nasci do vento
Eu que não vou e não venho, eu que permaneço
Em contato com a dor do tempo, eu elemento
De ligação entre a ação o pensamento
Eu fio invisível no espaço de todo adeus
Eu, o sem Deus!

Tenho-te no entanto em mim como um gemido
De flor; tenho-te como um amor morrido
A quem se jurou; tenho-te como uma fé
Sem dogma; tenho-te em tudo em que não me sinto a jeito
Nesta sala estrangeira com lareira
E sem pé-direito.

Ah, pátria minha, lembra-me uma noite no Maine, Nova Inglaterra
Quando tudo passou a ser infinito e nada terra
E eu vi alfa e beta de Centauro escalarem o monte até o céu
Muitos me surpreenderam parado no campo sem luz
À espera de ver surgir a Cruz do Sul
Que eu sabia, mas amanheceu...

Fonte de mel, bicho triste, pátria minha
Amada, idolatrada, salve, salve!
Que mais doce esperança acorrentada
O não poder dizer-te: aguarda...
Não tardo!

Quero rever-te, pátria minha, e para
Rever-te me esqueci de tudo
Fui cego, estropiado, surdo, mudo
Vi minha humilde morte cara a cara
Rasguei poemas, mulheres, horizontes
Fiquei simples, sem fontes.

Pátria minha... A minha pátria não é florão, nem ostenta
Lábaro não; a minha pátria é desolação
De caminhos, a minha pátria é terra sedenta
E praia branca; a minha pátria é o grande rio secular
Que bebe nuvem, come terra
E urina mar.

Mais do que a mais garrida a minha pátria tem
Uma quentura, um querer bem, um bem
Um libertas quae sera tamem
Que um dia traduzi num exame escrito:
"Liberta que serás também"
E repito!

Ponho no vento o ouvido e escuto a brisa
Que brinca em teus cabelos e te alisa
Pátria minha, e perfuma o teu chão...
Que vontade de adormecer-me
Entre teus doces montes, pátria minha
Atento à fome em tuas entranhas
E ao batuque em teu coração.

Não te direi o nome, pátria minha
Teu nome é pátria amada, é patriazinha
Não rima com mãe gentil
Vives em mim como uma filha, que és
Uma ilha de ternura: a Ilha
Brasil, talvez.

Agora chamarei a amiga cotovia
E pedirei que peça ao rouxinol do dia
Que peça ao sabiá
Para levar-te presto este avigrama:
"Pátria minha, saudades de quem te ama...
Vinicius de Moraes."

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Memórias e Histórias

04/06/2010


Azul ou amarelo? Essa era a questão que vinha a minha cabeça quando tentava, de maneira inútil, escolher a blusa daquela saída. "Vou com o azul, quem sabe ela entenda o meu sinal". Buscava impressioná-la de qualquer forma, a qualquer custo, porque era o primeiro encontro real. Em seus devaneios solitários, pensava o que poderia acontecer. E formulou, algumas hipóteses: Poderá gostar ou não. Se for o primeiro caso, como devo proceder? Sentia em seu instinto, e torcia por aquilo, que iriam encontrar o caminho pelo qual tanto conversavam. Porém, e se ela dissesse não?  Talvez seria mais um fora, entretanto não esconderia a frustração. Nesse momento negativo, ele lembrou de uma última conversa entre os dois: "Eu tive dois relacionamentos frustrantes, porque em verdade nunca chegaram a ser algo efetivo. Foram apenas cartas de intenções, e não projetos definitivos. Isso criou uma certa barreira, uma armadura." Uma armadura. Aquele substantivo era perigoso, costumava ser o lado racional dela, que dizia: não acredite em amores.  Seus pensamentos eram tão fortes sobre o encontro antes dele ocorrer, que soava a tortura interna. Quando acordou das reflexões, estava atrasado. Mas nem tanto, queria impressionar na pontualidade, ao estilo britânico. Não deu certo, porque ao chegar naquele velho local (velho, mas conservado), lá estava a guria sentada na última mesa. Ela mexia no celular controlando o seu nervosismo, e Ele falava segurando o seu coração com o mesmo intuito. Entreolharam-se de forma envergonhada, e procuraram fazer o recomendado, um abraço seguido do clássico: "Oi, tudo bem?". Ela sentiu o tremelique do rapaz, e ao mesmo tempo, um cheiro amadeirado de patchulin. Ao sentarem-se, de forma desajeitada, ele preferiu encará-la, ao invés de sentar ao seu lado. -É melhor ficar frente a frente, não é romântico, mas ela poderá saber bem as minhas verdades -pensou. Não houve tempo para elucubrações, porque eles conversavam alucinadamente, como no campo virtual. Havia um ponto de atração, mesmo que eles tivessem medo do ferir-se. Era aquele momento em que você encontra a beleza até em reticências e vírgulas mal colocadas. De forma curiosa, ela guardou seu relógio, como quem dizia: -perceba, você é importante, e o tempo? O tempo é espectador-. E falando nele, eu comecei a buscar o momento de tocar aqueles lábios, de veras, minguantes. Pensava naquele pedaço de carne, de duas formas: desejo e respeito. Primeiro, queria possui-lo, como animal que sou, domá-lo e ser domado. Depois, buscava confirmar o que sentia pela menina. Então ofereci meu coração, não aquele que vocês pensam, mas uma lembrança antiga. Ela achou adorável, e ficou abobada. Olhos grandes, certo? Descobri que em momentos de prazer, costumava soltar um olhar incomum, sua pupila dilatava, dizendo: isso é reflexo da minha felicidade, tão grande quanto. E para agradecer, aconteceu o segundo abraço do dia. Dessa vez melhor posicionado, encaixado, e sem tremores: Nós éramos dois confidentes, a primeira barreira estava transposta. A partir disso as intenções começavam a ficar mais claras, logo ela sugeriria que fôssemos caminhar. Talvez, quisesse buscar um pouco de ar, ou quiçá, quebrar a sua armadura. Deixou a sua mão levemente para que eu pegasse, mas não havia percebido. Ela não soube interpretar se aquilo era um rechaço ou uma falta de atenção. Então, mais acanhada, resolveu esperar que o rapaz se pronunciasse. Mas não veio aquilo, afinal estava na defensiva, tentando encontrar alguma oportunidade de atuação. E como não havia percebido a sua mão anteriormente, imaginava que ela não estava gostando dele, ou que ela estava apenas sendo educada. E agora pensava: somos alguma coisa, aliás, o verbo no plural existe mesmo? ou era apenas minha imaginação?! 

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Resultado de Acordos/Tratados submetidos ao Senado Federal

Hoje, a Comissão de Relações Exteriores e Defesa  (CRE) aprovou o texto dos seguintes Acordos/Tratados:

- O texto sobre o Acordo de Cooperação Econômica entre o Brasil e Bulgária, celebrado em Sófia, em 5 de outubro de 2011



- O texto do Tratado para o Estabelecimento do Arranjo Contingente de Reservas dos BRICS, celebrado em Fortaleza, em 15 de julho de 2014




- O texto do Acordo sobre o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), celebrado em Fortaleza, em 15 de julho de 2014.


Em seguida, o Senado aprovou oficialmente estes dois Tratado/Acordo:

- Tratado para o Estabelecimento do Arranjo Contingente de Reservas dos BRICS, celebrado em Fortaleza, em 15 de julho de 2014



-  Acordo sobre o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), celebrado em Fortaleza, em 15 de julho de 2014.


terça-feira, 2 de junho de 2015

Moção de solidariedade ao povo armênio do Senado federal

                Senado aprova a noção de solidariedade ao povo armênio- reproduzido pela TV Senado

O Senado Federal fez moção de solidariedade ao povo armênio (leia abaixo o requerimento na íntegra), em relação ao massacre produzido pelo Império Turco-Otomano  em 1915. Esse movimento segue a tendência ocidental, especialmente, da Alemanha no último dia 21 de abril. O presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa (CRE), Senador Aloysio Nunes Ferreira, e o membro da bancada da oposição da CRE, Senador José Serra, assinaram o pedido. Destaca-se o empenho do Senado em cobrar um posicionamento do Executivo Federal sobre o assunto, que ainda não o fez. 
O Brasil e Armênia estabeleceram relações diplomáticas em 1992. No ano de 2006 foi aberta a Embaixada brasileira em Ierevan. Em 2010, a Armênia designou o seu primeiro Embaixador no Brasil.  O principal eixo da relação entre os países está na grande comunidade armênia em São Paulo com cerca de 25 mil pessoas. Nesse sentido, o Estado de São Paulo instituiu esse ano o dia 24 de abril, no calendário oficial do Estado, como Dia do Reconhecimento e Lembrança às Vítimas do Genocídio do Povo Armênio. Além disso, os dois países cooperam em matéria de defesa civil. O Brasil realizou doações para projetos voltados à nutrição infantil, ao assentamento de refugiados do conflito Nagorno-Karabagh e à assistência humanitária na Armênia.

*P.S: Se o Itamaraty não reconheceu ainda, então não há porque marcar isso na prova do CACD. Cuidado! 


Abaixo o requerimento na íntegra:

REQUERIMENTO
Nº 550, DE 2015
Na forma do disposto no art. 222 do Regimento Interno e de acordo com as tradições da Casa, requeremos Moção de Solidariedade ao povo armênio pelo transcurso do Centenário da Campanha de extermínio de sua população, nos seguintes termos: 
“O Senado Federal reconhece o Genocídio do Povo Armênio, cujo centenário foi comemorado no dia 24 de abril de 2015. Ao prestar homenagem às suas vítimas e reconhecer a contribuição para a formação econômica, social e cultural do Brasil de milhares de brasileiros descendentes de refugiados
armênios, ressalta que nenhum genocídio deve ser esquecido para que não volte a acontecer.“
I - inserção em ata de voto de solidariedade;
II – apresentação de solidariedade à Embaixada da Armênia;
III – dar conhecimento dessa declaração à Presidência da República e ao
Ministério das Relações Exteriores.


Justificação
No último dia 24 de abril, comemorou-se o centenário da campanha de extermínio da população armênia em 1915, durante a Primeira Guerra Mundial. Em dezenas de cidades do Império Turco-Otomano, onde conviviam pacificamente famílias de diferentes etnias, toda a população armênia masculina foi reunida à força, executada e empilhada em vales e cursos d'água. Famílias inteiras foram amarradas e jogadas vivas nos rios, com um de seus membros morto a tiros, levando todos os demais ao afogamento. Estima-se que pelo menos 1,5 milhão de armênios tenham sido assassinados.
Parte da deportação se fez em trens de carga destinados ao transporte de gado. Nas centenas de quilômetros percorridos pela população feminina, a maioria a pé, grande parte das deportadas morreu de inanição ou de doença e as demais foram executadas. As razões invocadas para o massacre foram principalmente a alegada traição dos armênios, que teriam colaborado com o exército russo no início da guerra, a necessidade de limpeza racial para converter a Turquia, então multirracial, em uma nação
uniformemente turca, e o fato de os armênios serem geralmente mais educados e mais ricos do que o restante da população. Os assassinatos foram em grande número, houve deportações em massa, para dificultar a identificação dos perseguidos e limitar sua capacidade de reação ou de contar com ajuda externa. Recorreu-se à asfixia por gases, à inculpação das vítimas e, mais importante ainda, à denegação sistemática e à pressão e intimidação contra os que tentaram reconstituir os acontecimentos históricos. Nisso tudo o genocídio dos armênios foi tristemente exemplar. Não obstante suas diferenças relevantes, não há dúvida de que o extermínio dos armênios foi precursor no século XX do genocídio judaico. A política de extermínio é até hoje negada pelo governo turco. Entretanto, o próprio Kemal Ataturk, pai do moderno Estado turco, reconheceu em 1920 a existência do massacre, considerando-o "um ato vergonhoso". O genocídio armênio é reconhecido por número significativo e crescente de países. Na América do Sul, Argentina, Bolívia, Chile, Uruguai e Venezuela emitiram declarações nesse sentido. A maioria dos países europeus reconhece o genocídio armênio e, recentemente, o Parlamento europeu aprovou resolução no mesmo sentido. A Alemanha, país que mantém historicamente relações estreitas com a Turquia, que relutava em utilizar o termo “genocídio”, decidiu fazê-lo em abril passado para marcar os cem anos desse episódio. No mesmo período, o Papa Francisco reconheceu que o massacre armênio “foi o primeiro genocídio do século XX”. Estima-se que no Brasil residam pelo menos 100 mil descendentes de armênios, sendo a grande maioria em São Paulo. São brasileiros cujos antepassados tiveram que sair de sua terra para escapar do genocídio. Em terras brasileiras puderam recomeçar suas vidas, construir famílias e contribuir para formação econômica, social e cultural do nosso País. O Governo brasileiro, lamentavelmente, ainda não reconheceu o genocídio armênio. Entretanto, alguns Estados já o fizeram. No Brasil, as Assembleias Legislativas dos Estados do Ceará e do Paraná já reconheceram o genocídio armênio.
Em 2015, o Estado de São Paulo institui a data de 24 de abril como Dia do Reconhecimento e Lembrança às Vítimas do Genocídio do Povo Armênio, integrando-o ao calendário oficial do Estado.
 
Sala das Sessões, em 21 de maio de 2015.
Senador Aloysio Nunes Ferreira
Senador José Serra
(Encaminhe-se)
Publicado no DSF, de 27/5/2015
Secretaria de Editoração e Publicações – Brasília-DF

OS: 12367/2015