segunda-feira, 30 de março de 2015

Ser ou (não) Ser Diplomata ?! - Parte 5



"A carreira diplomática no Brasil é fascinante. É uma importante carreira de Estado. Proporciona a oportunidade de servir a um país com grande potencial de atuar ainda mais signicativamente no âmbito internacional, com a coerência de um positivo acervo de realizações em prol do entendimento internacional e do bem do País. Para contribuir para esta tarefa é preciso se preparar com muito cuidado e diligência.
A diplomacia nos dias de hoje requer conhecimentos aprofundados. Assim, por exemplo, as negociações econômicas são muito complexas, pois envolvem o domínio da teoria do comércio internacional, o conhecimento das práticas comerciais dos outros países e a consciência de que é preciso negociar “para fora” e “para dentro” do país. Negociações sobre o meio ambiente, de mudanças climáticas à biodiversidade, exigem mais do que talentos diplomáticos.
Re
firo-me à interface ciência policy making. No campo da paz e da guerra, questões relativas ao desarmamento, por exemplo, demandam o domínio de conhecimentos sobre armas modernas e sobre como é possível fiscalizar se estão sendo ou não destruídas ou acumuladas. A importância desse preparo é minha mensagem."
(
LAFER, Celso. In: Revista Sapientia, nº 4.São Paulo: 2012, Curso Sapientia.  pp-12)

sábado, 28 de março de 2015

Revista ADB nº 87

Capa da Revista ABD nº87


A Associação dos Diplomatas Brasileiros lança a sua revista trimestral (Janeiro, Fevereiro e Março 2015) com temas relevantes tais como, os 450 anos do Rio de Janeiro (Capa); a mensagem do Ministro das Relações Exteriores, Embaixador Mauro Vieira, direcionada aos associados da ADB; a análise da retomada das relações diplomáticas entre EUA e Cuba; os resultados do Brasil em relação aos Objetivos do Milênio; a questão da redução orçamentária no MRE; o déficit na balança comercial brasileira em 2014; a corrupção e lavagem de dinheiro; e finalmente, entrevista com a chefe de serviço de saúde do Ministério das Relações Exteriores.  
Atentos à seção , Prata da Casa, do diplomata Paulo Roberto Almeida, com indicações de livros, que podem auxiliar na preparação ao CACD. São eles:

- Bens Ambientais, OMC e o Brasil, Erika Almeida Watanabe Patriota

- A Américo do Sul no Discurso Diplomático Brasileiro, Luís Cláudio Villafañe G. (
ótimo para o edital de política internacional),

- II Conferência da Paz, Haia, 1907: a correspondência telegráfica entre  Barão do Rio Branco e Rui Barbosa (
auxilia no edital de História do Brasil),

- Mundo em Crise: a história da crise financeira, seus impactos nas relações internacionais e os atuais desafios, Diogo Ramos Coelho

-Investidores soberanos, política internacional e interesses brasileiros, Elias Luna Almeida Santos

- Breves Narrativas Diplomáticas, Celso Amorim
(ajuda em Política Internacional, especificamente na PEB do Lula)

Link:
Revista ADB nº 87

quarta-feira, 25 de março de 2015

A Política Externa Brasileira vai ao Parlamento - Parte 2

Ministro das Relações Exteriores, Embaixador Mauro Vieira em audiência no Senado federal

"(...) Eu gostaria de dizer que a política externa brasileira tem objetivos de Estado permanentes, e, nesse sentido, a execução da política externa, seja agora nesse período, seja nos períodos dos anos anteriores, o objetivo é a inserção internacional do Brasil e a defesa dos interesses do Brasil no mundo.
O Brasil é um ator global, um país de dimensões continentais, um país com uma grande economia, a sétima ou oitava economia do mundo, com uma grande população, um país que sempre esteve presente em todos os grandes acontecimentos da vida internacional, desde a sua vida independente, e que, no século XX, participou de todos os grandes acontecimentos que marcaram esse século, e também atualmente continua. O Brasil tem uma presença universalista e interesses universais, além de interesse e engajamentos regionais.
Eu gostaria de relacionar alguns dos princípios que são norteadores da política externa brasileira para que possamos, com isso, ter um quadro geral e, depois, evidentemente, partirmos para um diálogo e uma troca de ideias.
O primeiro círculo de inserção internacional do Brasil é a América do Sul, e a consolidação da América do Sul como um espaço de integração e estabilidade em todos os âmbitos, e a ampliação dos esforços no mesmo sentido com os demais países da América Latina e do Caribe.
Na nossa diplomacia econômica, intensificaremos nossa ação no sentido de abrir, ampliar ou consolidar o acesso mais desimpedido possível do Brasil a todos os mercados, promovendo e defendendo o setor produtivo brasileiro, coadjuvando suas iniciativas e ajudando onde for possível a captar investimentos. Desejamos a conclusão de negociações comerciais externas que garantam o acesso a mercados ampliados na região e no mundo.
Os laços com o mundo desenvolvido, com os Estados Unidos, com a União Europeia, com o Japão, entre outros, continuarão a ser essenciais para o nosso desenvolvimento econômico e tecnológico. Esses países são fontes indispensáveis de capitais, tecnologias, inovação e mercado.
Daremos ênfase, sem dúvida, à relação com os Estados Unidos, importante parceiro econômico comercial, procurando colocar os mecanismos de diálogo e cooperação com que contamos, na nossa relação bilateral, a serviço de uma relação mutuamente benéfica, respeitosa nas diferenças mutuamente benéfica, respeitosa nas diferenças, mas engajada na obtenção dos resultados concretos nas áreas de comércio, investimento, cooperação científico-tecnológica e educação, entre outros.
Procuraremos, também, consolidar nossa parceria estratégica com a China. Teremos em maio a visita do Primeiro-Ministro da China, Li Keqiang, o que constitui um passo importante no aprofundamento da relação bilateral, que tem ramificações na América do Sul e no mundo. É crucial aprofundar as relações também com os demais países da Ásia, que continua a ser a região de maior dinamismo econômico do nosso Planeta.
Reforçaremos as relações com o BRICS e com os países emergentes. Estamos em fase de implementação do Banco de Desenvolvimento do BRICS e do Arranjo de Contingente de Reservas, cuja criação ocorreu na cúpula do BRICS em Fortaleza, no ano passado. E já estão aqui, nesta Casa, os acordos constitutivos para a apreciação e aprovação pelos Srs. Senadores.
Fica claro que a dimensão Sul-Sul, que se consolida em nossa diplomacia e que não é, de modo algum, excludente, partiu de um claro diagnóstico de que o Sul é parte ativa na geopolítica e na geoeconomia mundial.
Queremos aprofundar a cooperação com os países em desenvolvimento, levada a cabo pela Agência Brasileira de Cooperação, a ABC. Essa cooperação em diversas áreas, como agricultura, biotecnologia e saúde, não apenas fortalece nossos laços com tais países, mas também ajuda a projetar interesses brasileiros no mundo, de forma mais ampla.
Manteremos e aprofundaremos as relações com os países da África e do Oriente Médio, duas regiões ligadas ao Brasil por laços históricos e interesses concretos. Nesta mesma semana, na sexta-feira, eu partirei numa missão para cinco países da África, com uma agenda política e também econômica e comercial. Inclusive, estarei acompanhado pelo Ministro da Indústria e Comércio, o Ministro Armando Monteiro, e teremos, entre outras, uma missão comercial em Angola e Moçambique. Continuaremos atuando com grande engajamento no G20, nas negociações das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, sobre a governança na internet, sobre o desarmamento, entre tantas outras frentes.
Seguiremos empenhados em fortalecer e promover a atualização das instâncias de governança global, como a ONU, o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial, a Organização Mundial do Comércio, em benefício de um sistema internacional mais representativo, mais legítimo e eficaz. Desejamos a reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas, com a inclusão do Brasil como membro permanente; a conclusão da rodada Doha, da Organização Mundial de Comércio, de modo equilibrado e com ganhos efetivos para a nossa agricultura e para o fortalecimento do sistema multilateral de comércio; a reforma do sistema de cotas do Fundo Monetário Internacional, para permitir voz condizente com o peso dos países emergentes no regime financeiro global.
O Itamaraty estará também empenhado em zelar pelo bem-estar dos cidadãos brasileiros que estão no exterior, em caráter permanente ou temporário. Tem buscado para a política consular brasileira os recursos humanos e materiais necessários para responder adequadamente à crescente demanda por serviços e assistência decorrentes da maior presença de brasileiros no mundo. Estou determinado a transformar em ação concreta a prioridade que o discurso diplomático brasileiro, há tempos, confere a essa dimensão relativamente nova da nossa presença no mundo, os grandes contingentes de brasileiros que vivem permanentemente no exterior ou que ali estudam, trabalham ou viajam por períodos mais breves, mas que não por isso são menos merecedores da atenção e da proteção do Governo brasileiro.
Insisto que,para o Brasil, não há dicotomias, nem contradições de interesses das nossas relações com os países desenvolvidos, emergentes ou em desenvolvimento, como não há contradições, nem dicotomias em perseguirmos uma ampla agenda econômica, social, humanitária e de direitos humanos nos planos multilateral e regional. Nossos interesses são geográfica e tematicamente universais e, portanto, não apresentam contradições em si, nem admitem exclusivismos.
O Brasil é hoje chamado a atuar como um dos principais atores do sistema internacional. Nosso peso econômico, político e diplomático torna... Nosso peso político e diplomático torna inevitável essa maior presença no exterior.
Na última década, o mundo vem sofrendo uma paulatina transição para além da clara hegemonia de uma única superpotência. O sistema internacional se caracteriza por uma crescente multipolaridade, que precisa ver-se cada vez mais refletida em um crescente multilateralismo. É nesse novo cenário que o Brasil não pode se furtar a atuar à altura da sua importância geoestratégica, econômica e política. (...)"
(
VIEIRA, Mauro. Audiência Pública da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado Federal. 24/03/2015)


terça-feira, 24 de março de 2015

A Política Externa Brasileira vai ao Parlamento

Ministro de Relações Exteriores, Embaixador Mauro Vieira, em Audiência pública no Senado Federal
 Hoje, o Ministro de Relações Exteriores, Embaixador Mauro Vieira, participou de audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado Federal. Esse exercício, que é anual, tem por objetivo buscar  maior participação na formulação da Política Externa Brasileira pelo Parlamento Brasileiro. Ainda que a Magna Carta expresse a competência de exercer relações com outros Estado esteja a cargo do Poder Executivo, especificamente do Presidente da República, a "sabatina" praticada pelo Legislativo, de certa forma, divide a responsabilidade de conduzir esse assuntos. E também, lembra em algum ponto, o papel do Poder Legislativo praticado durante o Segundo Reinado no país (1840-1889), no qual ele era o eixo condutor dos assuntos exteriores, similar ao que o Parlamento Britânico faz hodiernamente. Finalmente, vale lembrar, que o povo se fez presente ao ter a possibilidade de fazer perguntas ao Ministro.
Portanto, o mecanismo é interessante ao trazer o diálogo entre os Poderes Executivo e Legislativo, possibilitando  interligar os diversos interesses na inserção internacional do Brasil, perpassando temáticas como, a atuação comercial no Mercosul; o orçamento do Itamaraty diante da abertura de novas Embaixadas, a pretensão ao assento permanente ao Conselho de Segurança da ONU; a situação dos Direitos Humanos na Venezuela; O programa Mais Médicos entre Brasil - Cuba, dentre outros. Da mesma forma, o diálogo público, traz uma participação mais democrática  na formulação da Política Externa Brasileira.

sábado, 7 de março de 2015

Unasur e concertações políticas na região

Infográfico Telesur sobre a atuação da Unasul







Bem, o gráfico e a matéria são autoexplicativos. Embora, eu faça uma ressalva quanto a eles. Existe uma nítida tendência ideológica na matéria, no qual a opinião política do periódico se apoia. Mas isso não diminui a informação, colocada de forma cronológica e didática para o Cacd. Entonces, señores diplomáticos, a disfrutar!

Link:Unasur, garantía de paz y democracia en la región