segunda-feira, 10 de março de 2014

O Real e a Lucidez


FHC- Fevereiro 2014-Forbes
 

A Forbes, fevereiro de 2014, resolveu entrevistar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1994-2002). A redação da revista tinha um dilema quando decidiu escolher a capa: escolher, por um lado e os 30 jovens mais promissores do país, ou por outro, o "inventor"* do Plano Real. A escolha foi óbvia: Lucidez.

Dentre as perguntas mais relevantes que a publicação fez, apareceu a área econômica:

Forbes: Falando especificamente da política econômica, o governo não está conseguindo reduzir a inflação, apesar do aumento da taxa de juros e da renúncia fisca de alguns setores da economia.

FHC: O que geralmente produz uma situação inflacionária é o desequilíbrio muito grave entre a receita e a despesa. Aí você aumenta o imposto e, consequentemente, a receita. Só que chega um ponto que isso não se sustenta mais, até porque as pessoas se cansam. Diminuir gastos é sempre mais difícil, há reclamações. No momento da aflição, opta-se por não reduzir custos e por fazer com que a economia cresça na marra, aliviando a carga fiscal para certos setores. O que acontece? Dá distorções. Tenta-se segurar a inflação e não aumentar o preço da gasolina. Aí você mata o etanol e prejudica o outro lado. (...)


O ex-Ministro da Fazenda (1993-94) de Itamar Franco deu uma aula de macroeconomia ao longo d entrevista. Por exemplo,  no trecho a seguir, dialoga uma possível solução para os atuais problemas econômicos brasileiros:

FHC- Conversar com a população ao invés de se fechar. Não dá para impor e dizer "minha vontade é lei"(...) Agora vamos ter que fazer o que fizeram lá atrás. Vamos reconhecer o que não está reconhecido, balanço malfeito, ver que a dívida é maior. Tentar corrigir, fazer de novo. (...) As bombas de retardamento estão postas. Estamos nesse processo de criação de bolhas de pressão na economia, a exemplo da inflação, da taxa de juros, da balança comercial e, como consequência, de uma taxa de crescimento moderada. Quando eu governei, a taxa de crescimento também era baixa, mas mais alta que da América Latina e do mundo. E hoje é o contrário. Estamos atrás da América Latina e do Mundo (...)."
 
 
 
FHC:" (...)a transformação nos EUA é grande, que a China está começando a se acertar e que a Europa passou pelo pior. Mas olham com preocupação para os emergentes, a exemplo do Brasil e Turquia."
 



Ademais, o ex-ministro das Relações Exteriores (1992-93) deixou sinais sobre os últimos dez anos, demonstrando alguns problemas da política interna petista, como: "(...) o Estado ficou muito abstrato no Brasil. Uma pessoa como Lula, que é comunicador, supre o vazio do Estado. Ou melhor, a falta de comunicação do Estado. Com a presidente Dilma isso já não aconteceu. (...)."

Para finalizar, reafirmou o seu compromisso em não mais se candidatar a Chefe do Executivo, mostrando um costume pouco habitual nos trópicos e mais próximo aos estadunidenses. Ainda sinalizou timidamente, para Aécio Neves, deixando uma pista: Eduardo Campos é uma possibilidade tucana para o 2ndo turno. E qual a ligação CACD-Eleições? A PEB poderá mudar, afinal, nossa Diplomacia é mais presidencialista que o próprio país. Lembre-se de que em meados de 2002, Lula era um candidato temeroso perante o continuísmo tucano, mas após sua vitória e o contexto econômico internacional favorável, pode construir uma PEB com ótimos frutos ao país: desenvolvimentista, ativa e altiva. Porém, o modelo parece cansado: a economia não cresce e a escolha da PEB tem pontos cegos. É bom ficar atento ao voto.



* O termo inventor é um exagero, pois o próprio FHC costuma dizer que foi o pai do Plano Real (1994) no sentido político, isto é, soube articular o avanço do tema no Congresso Nacional. Ali, existiam forças conservadoras, mesmo pessedebistas, que queriam deixar o assunto para o fim da eleição dos anos de 1994. Mas, pela habilidade política, ele logrou convencer seus pares. Para maiores conhecimento sobre o assunto:  http://www.youtube.com/watch?v=GITTY90LqwE&list=PLc-4nnMYbmH6ckPOAvHE2s53n8SAuClZ_&index=3.


Abaixo, as principais medidas do Plano Real:



Fonte:http://pnld.moderna.com.br/2012/02/28/plano-real-contra-a-inflacao/


1) Plano REAL

a) PAI: Plano de Ação Imediata: arroz com feição, segurar o orçamento em 50% dos gastos, medidas de recomposição fiscal, orçamento realista

b) Equipe: Malan (1993,presidente do Banco Central), Gustavo Franco, Pérsio (presidente do BNDES)

c)Muda a moeda para o real

d) fixa a taxa de câmbio na paridade de R$ 1,00 para U$ 1,00

e)Acelera as privatizações

f)Eleva os juros

g)Facilita as importações

h)Prevê o controle dos gastos públicos

i)Mantem o processo de abertura econômica

j)Busca medidas de apoio a modernização de empresas

l)Fundo Social de Emergência: na prática, era uma redução direta da capacidade que algumas verbas tinham de capacitação física, cortando 15% delas

m)acabou com o combate à crise através de emissão de moedas e passa até o controle da inflação como objetivo










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