Mapa produzido no século XIX sobre a fronteira franco-brasileira |
Danilo Sorato*
As origens da Questão
do Amapá estão ligadas as Grandes Navegações, quando os países europeus
iniciaram uma disputa acirrada pelas terras do Novo Mundo. Pelas condições
geográficas, políticas e econômicas, Portugal e Espanha começaram a ocupação das
terras americanas no século XV. Essa assertiva é corroborada com a assinatura
do Tratado de Tordesilhas, que:
Dividiu
o futuro Novo Mundo em 1494, sem saber, na altura da foz do Amazonas (Doc.1).
No Oeste, a região das Guianas entre Orinoco e Amazonas encontrava-se na parte
atribuída aos espanhóis, só que esses, mais interessados pelas riquezas do
México e do Peru, desprezaram essa terra cujo litoral era inóspito demais. Os
portugueses, conformando-se a esta bula papal, não ultrapassaram o Amazonas
quando descobriram e começaram a explorar o Brasil a partir de 1500. (GRANGER,
2012, p. 22)
Não concordando com
essa divisão, a França iniciou uma série de invasões na colônia portuguesa e
espanhola na América entre os séculos XV, XVI e XVII, a fim de conquistar tanto
a região das Guianas quanto o a região do Nordeste brasileiro. Os franceses
tentaram se estabelecer no Rio de Janeiro (França Antártica), em seguida
tentaram se fixar no Maranhão (França Equinocial), e finalmente, procuraram se
estabelecer nas Guianas. Após insucesso nas duas primeiras invasões, os
franceses conseguiram manter contato direto com a região do Oiapoque. Segundo
defende os historiadores Viana e Silva (2012, p. 43), a partir do ano de 1679
se iniciam as tensões entre portugueses e franceses pela posse desse
território. Essa visão é corroborada pela autora Cardoso (2008. p. 14), que
aponta para as incursões dos franceses no século anterior na região entre
Orénoque e a boca do Amazonas, o que efetivou a colonização da Guiana Francesa.
A partir da presença dos franceses, segundo a autora, os portugueses iniciaram
uma política de ocupação efetiva da região do Cabo Norte, apesar de que
inicialmente o foco esteve na cidade de Belém, com a construção do forte de
Santa Maria de Belém do Grão-Pará. No século XVIII, ocorreu a ocupação
portuguesa por meio de vilas e fortificações, e destaca-se a criação das vilas
de Macapá e Mazagão. O objetivo dessa iniciativa para Cardoso (2008. p. 44) foi
manter as fronteiras com a instalação de colonos-militares na região do Delta
do Amazonas, que aproveitariam para explorar economicamente o território
através da agricultura do arroz. Assim para aproveitar-se da possibilidade de
reduzir a escalada de tensões na região contestada, as coroas de Portugal e
França iniciaram a pacificação do litígio com a firma de uma série de tratados
de limites no século XVIII. O primeiro dos Tratados foi:
O
primeiro tratado assinado entre Portugal e França fora o Tratado Provisional,
em 1700, que neutralizava a área pretendida pelos dois países europeus, ou
seja, nem Portugal nem a França poderiam tomar posse das terras do Cabo Norte
[...] O Tratado Provisional, apesar de não estabelecer limites entre as duas
colônias, não foi muito favorável à Coroa portuguesa, pois ela abdicava de
alguns de seus direitos sobre as terras do extremo norte, mesmo assim Portugal
o aceitou, para evitar confrontos diretos com a França. (VIANA; SILVA, 2012, p.
44-45)
Os lusitanos preferiram
tratar de forma amigável a questão litigiosa no despertar do século XVIII, devido
à força que a França conquistava no continente europeu, enquanto que Portugal
transformava-se em uma potência de segunda linha na Europa. A perda de poder do
Império português se confirma com a crescente dependência para com a
Inglaterra, ao haver acordado no ano de 1703 o Tratado de Methuen. Dessa
maneira, estrategicamente para os lusitanos foi importante aceitar as condições
debatidas no Tratado Provisional, já que assim mantinha-se certo apaziguamento
de conflitos no além-mar português.
O segundo tratado foi
assinado no ano de 1713, denominado Utrecht, que tinha por finalidade acertar o
“rio Japoc ou Vicente Pinção” como limite natural entre os países, pois impunha
uma linha demarcatória fronteiriça mais específica entre os dois países
europeus. Existe uma série de interpretações historiográfica sobre a
potencialidade desse tratado para a consecução de fins das tensões entre as
Coroas portuguesa e francesa. Para os pesquisadores locais Viana e Silva (2012,
p. 45), a França renunciou às suas pretensões na região, optando pelo
estabelecimento de limites anterior ao status quo imposto no primeiro tratado
de 1700, isto quer dizer que nessa visão, os portugueses recuperaram as linhas
demarcatórias no rio Japoc ou Vicente Pinzón, como bem lhe interessavam. Por
outro lado, para o pesquisador internacional Granger (2012, p. 23), o acordo
não definiu com total certeza a linha fronteiriça entre os países europeus, o
que ampliou as diferenças entre as duas potências colonizadoras. Os portugueses
advogavam pela demarcação de limites no Rio Oiapoque, ao mesmo tempo em que os
franceses defendiam a marcação da fronteira em outros rios, principalmente que
estivessem mais próximos do rio Amazonas, por exemplo, os rios Cassiporé,
Calçoene e Araguari.[1]
Com a aproximação do
final do século XVIII, o plano externo alterou novamente o status quo da região.
Com a força da França napoleônica, foram assinados mais três tratados para
estabelecer a fronteira na região em litígio. O primeiro tratado chamado Paris,
e assinado no ano de 1797, no qual os franceses alcançaram a fronteira no rio
Calçoene. O segundo tratado denominado Badajós, e firmado no ano de 1801,
quando os gauleses alargaram os limites para o rio Araguari; e finalmente, o
terceiro tratado dito Amiens, e marcado no ano de 1802, em que os franceses
confirmaram a demarcação no rio Araguari. Esses três acordos confirmaram a
força da França no cenário europeu e internacional, especificamente pelas
campanhas napoleônicas que ampliavam a força do país perante seus concorrentes
imediatos nos espaços coloniais, como Portugal. A imigração da corte portuguesa
para o Brasil em 1807, articulada pelos ingleses com a anuência de D. João VI,
modifica as conquistas francesas na região das Guianas. A interiorização da
metrópole na sua colônia mais vigorosa, o Brasil, altera a lógica colonial
estabelecida no continente europeu, na qual dificilmente os metropolitanos
visitavam os colonizados, sequer é impossível imaginar a realeza europeia
visitando seus espaços extraterritoriais. Assim, devido à transformação da
relação entre a metrópole e a colônia, em 1809 as tropas portuguesas invadem a
Guiana Francesa com a finalidade de recuperar o terreno perdido nas negociações
do início do século. Após a queda de Napoleão Bonaparte e a reunião do
Congresso de Viena para instituir uma nova ordem internacional, Portugal e
França assinaram um novo tratado chamado Paris em 1817, no qual a Guiana
Francesa foi devolvida para a posse francesa, porém delimita-se a fronteira no
Rio Oiapoque como desejavam os portugueses. Portanto, o breve momento de
negociações pacíficas estabelecidas no início do século XVIII é interrompido pelo
aumento dos conflitos bélicos no espaço-tempo de 1809 a 1817, quando outra vez
os dois países retomam a estratégia de utilizar a solução pacífica de
controvérsias.
O território entre os
rios Oiapoque e Araguari, nas palavras de Queiroz (2001, p. 124), começou a ser
alterado em sua dinâmica a partir do século XIX, quando diversos grupos sociais
foram povoar aquele espaço, no caso, garimpeiros, aventureiros, desertores e
escravos fugidos. Nessa região, segundo Queiroz, houve um estímulo ao aumento
populacional após a assinatura de acordo entre os Estados nacionais de Brasil e
França para a neutralização do espaço disputado no ano de 1841. Segundo o
autor, o acordo:
[...]
permitia a instalação dessas pessoas na área, uma vez que a consideravam um
território neutro, não estando, portanto, sujeito à jurisdição de nenhum dos
dois países. Como o acordo regulava a ação da justiça das duas nações sobre os
que cometessem atos passíveis de punição, qualquer intervenção da justiça
brasileira ou francesa só dificilmente poderia efetuar-se. Dessa forma, não
apenas as leis que vigoravam nos povoados, mas a sua administração e as pessoas
que exerciam eram definidas pelos próprios moradores. (QUEIROZ, 2001, p. 124)
O acordo de neutralização
do território em litígio entre franceses e brasileiros, em termos práticos,
estimulou o fluxo de pessoas para a região, especialmente quando a corrida
aurífera voltasse a ocorrer alguns anos mais tarde.[2]
A menção as colônias
militares articuladas na região do conflito, principalmente a partir dos anos
de 1830 a 1840, tanto pela iniciativa francesa quanto brasileira, revela o
ressurgimento do conflito com maior intensidade que outrora. Os franceses, como
diz Alves (2016) com temor da chegada da Cabanagem ao solo francês e das
invasões dos negros Bonis ao seu território, iniciam a fundação de uma colônia
militar no ano de 1836. Enquanto isso, em resposta a essa ação, o governo
brasileiro decidi fundar a colônia D. Pedro II no ano de 1840. A pesquisadora
Alves (2017a, p. 26) diz que a ação brasileira tinha por finalidade vigiar os
passos da ocupação francesa desde 1836, conseguir a povoação do território e
impossibilitar a chegada de desertores, ex-escravos e outros grupos sociais
marginalizados no período do Brasil Imperial. Essas ações dos Estados franceses
e brasileiros representam o recrudescimento dos conflitos na região contestada.
O século XIX atualiza as tensões e disputas pelo território entre a Guiana
Francesa e o Brasil, segundo Cardoso (2008, p. 61) o motivo para o aumento dos
conflitos pela posse do território foi a descoberta do ouro na Guiana Francesa
a partir de 1855. Essa ação é complementada no ano de 1893, com a descoberta de
ouro em Calçoene, o que potencializou ainda mais as disputas geopolíticas entre
os Estados Nacionais pelos recursos naturais, sobretudo minerais daquela
região. Neste mesmo ano, o Estado Nacional francês articulou uma ação
estratégica de conquista e de ocupação da região contestada, ao patrocinar os
projetos do expedicionário Henri Coudreau.[3]
Além do caráter cientifico da expedição no território debatido, o cientista
francês fez incursões na vila do Cunani, onde foi criada uma República
independente dos territórios franceses e brasileiros em 1885, sob a presidência
de Jules Gros. Na ótica dos pesquisadores locais Viana e Silva (2012, p. 49)
foi uma forma de autonomia administrativa das pessoas da região perante os
governos oficiais de Brasil e França, entretanto cabe observar que o governo
brasileiro não levou em consideração efetivamente essa ação, tratando-a muito
mais como algo satírico. Em relação, à figura de Coudreau, a autora Francinete
Cardoso, ao falar sobre o cientista, diz que:
A
história de Henri Coudreau com o Contestado e, mais particularmente com a vila
do Cunani, remonta aos meados do século XIX, quando financiado pelo governo
francês, passou a fazer inúmeras expedições de reconhecimento deste território.
Inicialmente com o objetivo de fazer pesquisas de caráter cientifico,
topografia e reconhecimento dos rios da região, foi, aos poucos, sendo visto
como um representante político do estado francês no Contestado. (CARDOSO, 2008,
p. 62-63)
O expedicionário
francês agiu na região com fins políticos de conquistar e avançar o interesse
francês no litígio com o Brasil. Essa opinião é confirmada pelo próprio
Coudreau (1885, p. 4, tradução nossa): “[...] No entanto, eu tenho bastante
patriotismo para apresentar a vocês outra coisa que uma exposição puramente
cientifica e desinteressada dos fatos, que são bastante interessantes em si
mesmos, e suficientemente graves para merecer toda a sua atenção.”[4].
Dessa forma, mostra-se como a partir da segunda metade do século XIX, o
território em disputa enfrenta um aumento de conflitos significativos em
relação aos séculos anteriores, especialmente pela descoberta de recursos
naturais, mas também pelas iniciativas de povoamento dos Estados Nacionais,
como no caso francês com as expedições científicas de Henri Coudreau.
O ano de 1895 é
considerado pelas narrativas históricas sobre a Questão do Amapá, como um dos
mais movimentados e críticos da relação entre Brasil e França. Em primeiro
lugar, com os conflitos e lutas entre os exércitos brasileiros, liderados por
Veiga Cabral, e franceses, chefiados
por capitão Trajano Benitez, no mês de maio. Segundo Queiroz (2001, p.
139), a motivação para os conflitos entre franceses e brasileiros estava
originariamente no ano anterior, em 1894, quando foi formado um governo
conjunto na região em litígio entre Veiga Cabral, Desidério Antônio Coelho e
Cônego Domingo Maltez, denominado Triunvirato. Para o autor, os franceses
atacaram as tropas de Veiga Cabral em maio de 1895, como um reflexo das medidas
praticadas pelo Triunvirato, na visão francesa amplamente favorável aos
interesses brasileiros, tais como:
A
proibição da exploração das minas de ouro por estrangeiros; a criação de um
exército amapaense; a liberdade do comércio retalhista somente para
brasileiros; a imposição ao fiscal do Amapá da obrigação de zelar pela vida
urbana, tabelando os impostos de exportação e indústria e profissão; a abolição
de penalidades violentas como a prisão no tronco; a criação de um Cartório de
Registro Civil; a liberação das mercadorias vindas do Brasil e a criação de um
imposto de 10% sobre as mercadorias importadas de Caiena. (QUEIROZ, 2001, p. 139-140)
Em segundo lugar, pelas
ações criadas pelo Estado brasileiro entre outubro e novembro, com vistas a
efetivar a sua presença no território. Ele se fez presente em dois
acontecimentos importantes, como diz Cardoso (2008, p. 117), em primeiro lugar
a expedição científica de reconhecimento de Emílio Goeldi, e em segundo lugar,
a chegada ao poder de um aliado de Veiga Cabral na vila de São José do
Cassiporé. Na primeira iniciativa havia o objetivo de comprovar que os habitantes
do Cunani eram brasileiros “[...] e, mais do que isto, que estes querem
pertencer como cidadãos à nação brasileira.” (CARDOSO, 2008, p. 118),
conquistando assim um argumento legítimo perante os franceses na disputa pelo
território, além de combater as expedições francesas lideradas por Henri
Coudreau. Na segunda iniciativa o fim era fazer com que os aliados de Veiga
Cabral chegassem ao norte do território em conflito, isto é, a fronteira com o
rio Oiapoque, para aumentar a presença brasileira na região perante os
franceses.
Após a tentativa de
exploração do território em disputa pelas expedições científicas, ocorreram
novas transformações e acontecimentos no litígio franco-brasileiro. Segundo
Cardoso, houve duas ações e transformações importantes:
No
dia 10 de abril de 1897, foi concluída a
convenção entre os representantes do estado francês e brasileiro. Nesta
ficavam definidas as bases do Tratado de
Arbitragem que fixaria definitivamente a fronteira entre Brasil e Guiana
Francesa. Como árbitro da questão foi nomeada a Confederação Helvética (TOUCHET,
1993). Entretanto, além desta decisão, foi também prevista a criação de uma Comissão Mista de
Administração do Contestado Franco-Brasileiro. (CARDOSO, 2008, p. 166,
grifo nosso)
A articulação entre os
representantes brasileiros e franceses, em torno de um Tratado de arbitragem
como lido acima, pretendeu chegar a uma conclusão sobre o país que tivesse a
posse do território em litígio. A decisão em arbitragem internacional estava
sob as mãos do presidente da Confederação Helvética. Ademais, a criação de uma
Comissão Mista de Administração do Contestado Franco-Brasileiro, como diz
Cardoso (2008, p. 169) tencionou em primeiro lugar, controlar a entrada e saída
de estrangeiros em busca de ouro, e objetivou em segundo lugar, fazer o
reconhecimento do território.
A arbitragem
internacional ocorreu entre 1899 e 1900, com a defesa das arguições brasileiras
e francesas ao juiz da Confederação Helvética. No lado brasileiro, o advogado e
diplomata José Maria da Silva Paranhos Junior, o Barão do Rio Branco, assumiu a
tarefa de conduzir os trabalhos de provar o argumento brasileiro em torno da
fronteira natural no rio Oiapoque. No lado francês, o cientista e geógrafo Paul
Vidal de la Blache conduziu a missão de defender a tese francesa em demarcar os
limites naturais no rio Araguari. A tese brasileira, segundo Granger (2012, p.
30), saiu vitoriosa com a confirmação pelos suíços da fronteira demarcada no
rio Oiapoque, com isso se confirmou os argumentos de uti possidetis proferidos
por Barão do Rio Branco em seus nove volumes e 150 mapas apresentados em Berna.
Após quatro séculos de negociações e conflitos pelo território da Guiana,
dava-se por terminado oficialmente o conflito de fronteiras.
Referências Bibliográfica
Referências Bibliográfica
ALVES,
D. B.
Reação francesa às ameaças de Cabanos e Bonis no território litigioso entre o
Brasil e a Guiana Francesa (1836-1841). Almanack,
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31/10/2017.
____________.
Remígio Antonio, Capitão Principal dos Índios do Amapá. Contestado Franco-Brasileiro, 1850-1866. KLA Working Paper Series, Kompetenznetz Lateinamerika-Ethnicity, Citizenship, Belonging, n. 19, p.
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05/11/2017.
CARDOSO,
F. do S. S. Entre conflitos, negociações
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Belém: Associação de Universidades Amazônicas, Universidade federal do Pará,
Núcleo de Altos Estudos Amazônicos, 2008.
COUDREAU,
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22 novembre 1885. Lille: L. Danel, 1885.
GRANGER,
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esquecido entre a França e o Brasil na Amazônia. Revista Canteira, edição: 17, p. 21-39, jul.-dez., 2012.
QUEIROZ, J. M. Anotações às margens da história – Quilombolas e republicanos nas origens do Amapá. In: __________; COELHO, M. C. Amazônia: modernização e conflito (séculos XVIII e XIX). Belém: UFPA/NAEA, 2001, p. 119-155.
VIANA,
J.; SILVA, D. da. Cabralzinho: a
construção do mito de um herói inventado na sociedade amapaense. -1 ed.-
Salto, SP: Schoba, 2012.
* Este texto faz parte da Dissertação: Silêncios que falam, palavras que nada explicam: as narrativas históricas sobre a Questão do Amapá, produzida no ano corrente, para o Mestrado Profissional em Ensino de História (Profhistória) da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP).
[1]
Em relação ao Tratado de
Utrecht, o historiador local, Adalberto Paz diz que esse documento foi
importante porque oficializou o contestado franco-brasileiro entre portugueses
e franceses. Porém, como visto nesta seção, existem historiadores que iniciam
suas análises anterior a 1713, buscando uma origem mais longa para o conflito
da díade franco-brasileira. Ver: PAZ, A. Além do Equador, entre “horda de
selvagens”: frentes de ocupação, trabalho e redes de contatos no extremo norte
amazônico oitocentista. Cadernos de
História, Belo Horizonte, v. 16, n. 24, p. 9-29, 1º sem. 2015.
[2]
Os autores Viana e Silva
(2012, p. 47) define que com o acordo de neutralização do território, a região
ganhou o nome oficial de “Contestado franco-brasileiro”. Uma observação
importante sobre os trabalhos acadêmicos, é que aqueles trabalhos que utilizam
o termo acima, pretendem analisar à guisa de uma visão historiográfica menos
oficialista, ou ainda com menos viés na delimitação limítrofe e geopolítica que
utiliza o vocábulo “Questão do Amapá”, e sim analisar sob um viés mais
econômico e social. Essa pesquisa não pretende ser um espaço de conflitos
acadêmicos e historiográficos entre essas visões, mas sim constituir uma
possibilidade de diálogo entre ambas, apesar da escolha do termo “Questão do
Amapá” no título do trabalho, a escolha se deu menos consciente
historiograficamente que se pode imaginar.
[3] Em novembro de 1885, o professor
do Liceu de Caiena, Henri Coudreau fez uma conferência de Geografia na cidade
de Lille, na França. O seu objetivo foi apresentar para a sociedade local e
francesa os seus estudos na região disputada entre França e Brasil. Ele lançou
o livro, Le Territoire Contesté entre la
France et le Brésil, no qual ele aborda aspectos históricos, geográficos e
geopolíticos sobre a região em controvérsia entre Brasil e França.
[4] A tradução foi feita por Danilo
Sorato. O trecho original está aqui: “[...] Cependant j'ai trop du patriotisme
pour vous faire autre chose qu'un exposé purement scientifique et désintéressé
des faits /d'ailleurs assez intéressants eu eux-mêmes, et assez graves pour mériter
toute votre attention. [...]” (COUDREAU, 1885, p. 4).
Obrigada por disponibilizar o texto.
ResponderExcluirOi Déia!
ResponderExcluirAgradeço pelo comentário gentil. Se precisar de material, entre em contato no email: danilosorato@hotmail.com
Abraços
Danilo Sorato