" (...) Em Nova Iorque e em Genebra, em todo e qualquer foro internacional, a diplomacia brasileira não deixará de bater-se pelos grandes temas do Desarmamento, do Desenvolvimento Económico e da Descolonização. Muito embora não se possa enquadrar neste trinômio toda a multiplicidade de interesses políticos e económicos do Brasil na comunidade das nações, torna-se cada dia mais claro que esses três objetivos informam toda uma açao política, a ser desenvolvida, em plena e estreita cooperação com as nações irmãs do Hemisfério e com todas aquelas que a nós se queiram juntar num esforço diplomático comum. Desarmamento, Desenvolvimento e Descolonização são temas e objetivos arrolados na Carta das Nações Unidas. Ao reclamarmos uma ação efetiva e continuada nessas três grandes áreas de progresso político e social, não estamos reclamando senão o cumprimento das promessas de São Francisco.
O Brasil continuará a dar todo o seu apoio ao trabalho da Comissão das Dezoito Nações Sobre Desarmamento, ora reunida em Genebra. Aí está o Brasil no cumprimento de um mandato de mediação, que lhe foi conferido — assim como a sete outros países amigos — pela totalidade dos membros das Nações Unidas. Teve o Brasil, em Genebra, a responsabilidade da iniciativa da proposta de um Tratado Parcial Sobre Proscrição de Experiências Nucleares na Atmosfera, Sob a Água e no Espaço Cósmico. Tratado, cuja assinatura veio abrir novas e grandes perspectivas para a causa da paz e do desarmamento. Essa proposta brasileira formulada nas sessões de 16 de março, 25 de julho e 17 de agosto do ano passado não pôde, naquele momento, encontrar a receptividade de qualquer das Potências que integravam o Subcomitê de Ensaios Nucleares da Conferência. Fatos posteriores vieram provar que estávamos certos em nossa opinião de que, sem esperar a conclusão de um Tratado de Desarmamento Geral e Completo, o qual infelizmente ainda estamos muito longe de concluir, deveríamos ir formalizando ajustes graduais e sucessivos, à medida que fossem sendo caracterizadas as áreas de acordo entre as Grandes Potências. No cumprimento de um mandato das Nações Unidas, o Brasil assumiu a responsabilidade da iniciativa e correu o risco das incompreensões, das interpretações apressadas e, muitas vezes, informadas por interesses táticos momentâneos. Todo problema político se caracteriza por sua extrema complexidade e não podemos razoavelmente esperar que toda e qualquer iniciativa nossa seja imediatamente vitoriosa ou mesmo compreendida. Nisso tudo, novamente se envolve o problema de maturidade política a que acima aludi. O que é indispensável é que, em todos os momentos, tenhamos o pensamento voltado para o Brasil e para o que este país representa, como experiência nova, na história da humanidade. E é indispensável que, ao perseguirmos objetivos tão amplos, não percamos o sentido de objetividade e de realismo político que temos conseguido manter em nossa diplomacia. No tocante ao segundo ponto, o Brasil terá de realizar grandes esforços, no sentido de obter dos órgãos internacionais um reconhecimento da estreita correlação existente entre a estrutura do comércio internacional e o problema do desenvolvimento económico. É por isso que nos temos batido e continuaremos a nos bater pelo estabelecimento de uma Organização Internacional de Comércio, que venha a corrigir os efeitos nocivos das vigentes distorções que determinam e condicionam a ruinosa deterioração de preços de matérias-primas e produtos básicos no mercado internacional. Visamos a um sistema de segurança coletiva no campo económico, paralelo àquele que temos ajudado a construir no campo político e de segurança. Por esse mesmo motivo, estamos realizando trabalhos e estudos que informem a posição brasileira na próxima reunião de outubro em São Paulo, do Conselho Interamericano Económico e Social, quando seremos chamados a dar um depoimento sobre a aplicação prática dos princípios contidos na Carta de Punta dei Este, formulada, precisamente, há dois anos. E, em prosseguimento à posição enunciada conjuntamente pelos Presidentes do Chile e do Brasil, deveremos colocar ênfase no problema de revitalização da Associação Latino-Americana de Livre Comércio, que, em virtude de instruções pessoais e diretas do Presidente João Goulart, constitui um dos objetivos imediatos da diplomacia brasileira. Outro ponto para o qual se volta e com o qual se identifica plenamente a vocação universalista, humanitária e generosa de nossa política externa é a Descolonização. Por isso mesmo por tudo o que essa aspiração irreversível de nossos dias encerra de autenticidade e de justiça — desejamos vê-la realizada num clima de compreensão recíproca, em que os ódios e as intransigências cedam progressivamente o passo à tolerância e ao espírito de fraternidade humana. Desde a primeira hora, não tem sido outro o nosso objetivo, nem outro tem sido o sentido de nossos pronunciamentos no amplo foro das Nações Unidas. Teremos, outrossim, de ser intransigentes na defesa do princípio de autodeterminação e não-intervenção. (...)" (ARAÚJO DE CASTRO, J. A. , Discurso de Posse, 23/08/1963)
O Brasil continuará a dar todo o seu apoio ao trabalho da Comissão das Dezoito Nações Sobre Desarmamento, ora reunida em Genebra. Aí está o Brasil no cumprimento de um mandato de mediação, que lhe foi conferido — assim como a sete outros países amigos — pela totalidade dos membros das Nações Unidas. Teve o Brasil, em Genebra, a responsabilidade da iniciativa da proposta de um Tratado Parcial Sobre Proscrição de Experiências Nucleares na Atmosfera, Sob a Água e no Espaço Cósmico. Tratado, cuja assinatura veio abrir novas e grandes perspectivas para a causa da paz e do desarmamento. Essa proposta brasileira formulada nas sessões de 16 de março, 25 de julho e 17 de agosto do ano passado não pôde, naquele momento, encontrar a receptividade de qualquer das Potências que integravam o Subcomitê de Ensaios Nucleares da Conferência. Fatos posteriores vieram provar que estávamos certos em nossa opinião de que, sem esperar a conclusão de um Tratado de Desarmamento Geral e Completo, o qual infelizmente ainda estamos muito longe de concluir, deveríamos ir formalizando ajustes graduais e sucessivos, à medida que fossem sendo caracterizadas as áreas de acordo entre as Grandes Potências. No cumprimento de um mandato das Nações Unidas, o Brasil assumiu a responsabilidade da iniciativa e correu o risco das incompreensões, das interpretações apressadas e, muitas vezes, informadas por interesses táticos momentâneos. Todo problema político se caracteriza por sua extrema complexidade e não podemos razoavelmente esperar que toda e qualquer iniciativa nossa seja imediatamente vitoriosa ou mesmo compreendida. Nisso tudo, novamente se envolve o problema de maturidade política a que acima aludi. O que é indispensável é que, em todos os momentos, tenhamos o pensamento voltado para o Brasil e para o que este país representa, como experiência nova, na história da humanidade. E é indispensável que, ao perseguirmos objetivos tão amplos, não percamos o sentido de objetividade e de realismo político que temos conseguido manter em nossa diplomacia. No tocante ao segundo ponto, o Brasil terá de realizar grandes esforços, no sentido de obter dos órgãos internacionais um reconhecimento da estreita correlação existente entre a estrutura do comércio internacional e o problema do desenvolvimento económico. É por isso que nos temos batido e continuaremos a nos bater pelo estabelecimento de uma Organização Internacional de Comércio, que venha a corrigir os efeitos nocivos das vigentes distorções que determinam e condicionam a ruinosa deterioração de preços de matérias-primas e produtos básicos no mercado internacional. Visamos a um sistema de segurança coletiva no campo económico, paralelo àquele que temos ajudado a construir no campo político e de segurança. Por esse mesmo motivo, estamos realizando trabalhos e estudos que informem a posição brasileira na próxima reunião de outubro em São Paulo, do Conselho Interamericano Económico e Social, quando seremos chamados a dar um depoimento sobre a aplicação prática dos princípios contidos na Carta de Punta dei Este, formulada, precisamente, há dois anos. E, em prosseguimento à posição enunciada conjuntamente pelos Presidentes do Chile e do Brasil, deveremos colocar ênfase no problema de revitalização da Associação Latino-Americana de Livre Comércio, que, em virtude de instruções pessoais e diretas do Presidente João Goulart, constitui um dos objetivos imediatos da diplomacia brasileira. Outro ponto para o qual se volta e com o qual se identifica plenamente a vocação universalista, humanitária e generosa de nossa política externa é a Descolonização. Por isso mesmo por tudo o que essa aspiração irreversível de nossos dias encerra de autenticidade e de justiça — desejamos vê-la realizada num clima de compreensão recíproca, em que os ódios e as intransigências cedam progressivamente o passo à tolerância e ao espírito de fraternidade humana. Desde a primeira hora, não tem sido outro o nosso objetivo, nem outro tem sido o sentido de nossos pronunciamentos no amplo foro das Nações Unidas. Teremos, outrossim, de ser intransigentes na defesa do princípio de autodeterminação e não-intervenção. (...)" (ARAÚJO DE CASTRO, J. A. , Discurso de Posse, 23/08/1963)
Discurso dos 3 D's, em 19 de Setembro de 1963, por ocasião da abertura da 18ª AGNU:
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