Senhoras e senhores, vos apresento as minhas produções mais íntimas, não diria bem literária, mas talvez seja algo que traga mais intimidade com a palavra, procurando retirar sua rigidez e ordem. Assim, penso eu, possibilitará novos sonhos e desencontros, novas loucuras e normalidade. Lógico, que a diplomacia estará nessa roda, que não é viva, mas promete uma dose calibrada de adrenalina...apertem os cintos, petits/es diplomates!
Crônicas
de um dia (in)esperado
Acordo. Tic-tac, blim. O
relógio tem uma conversa intima comigo, motivo: laborar. Mais um dia, uma
metade conversando com papel, outra sentado. Burocracia. Aqui não há ‘sprit de
corps’, é apenas você e a rotina, um casal perfeito. Sinto, atento, o
desenrolar do trigo junto a saliva na boca. Um café, dois cafés, três. Très
bien. Olho as ruas em movimento pelo vidro, as pessoas passando rápidas, como
passáros. O sol levemente reflete todo seu esplendor. Primeiro em chegar, e os
corredores são pavorosos, sem pessoas, sem barulho, sem público. E o que fazer?
Atualizar a massa cinzenta, que ultimamente está empoeirada: sem informações. “A potência Yaankee se pronuncia sobre o
movimento de forças centrífugas no Médio Oriente.” “O Brasil escala posições
nos índices sociais”. Notícias novas-velhas. Novas em outro contexto, porém
velhas ao buscar paradigmas sociais correntes. Entre uma papelada, e uma olhada
na rede: uma rotina. Para romper a monotonia, uma ligação, quem será? Não sei,
e nem atendo. “O Itamaraty respeita o
direito à autodeterminação dos povos...” Outra ligação rechaçada. O dia
continua, andando, como ele é, lento e rápido, relativamente pela autoconsciência
do ser, diria um físico indiano. Almuerzo. Umas mordidas ali, outra aqui, um
sabor especial acolá. Outra ligação, mais uma cancelada. Me sinto um empresário
importante, não é qualquer um que recebe diversas ligações. Verifico,
despretensiosamente, um quadro de avisos, quando...recebo o toque de alguma
mão. Penso: quem ousa interromper meu direito à paz? Tu passastes! Hã? Como,
onde, em quê? Tu passastes! Ei, Hey! O que estás falando? Passou, parabéns! Eu
sempre soube! Que andas a falar? O Itamaraty.... Itamara- o quê? ...ty.
Desperto suado, olho para os lados, não pode ser. Era um sonho, é um sonho
inesperado. Por culpa, resolvo levantar e estudar, afinal nunca mais havia
pegado o caderno. A campainha toca. Uma, duas, Calma, três, quatro vezes, Já
vou, cinco. Passou! Hã? És o mais novo diplomata! Quê?! Tu passastes! Olho para
ter certeza. Me belisco 50 vezes. Dou uma risada torta, e digo: um dia...um dia
(in)esperado!
D e S.
D e S.
Muito bom seu texto. O inesperado um dia acontece (hay que perseverar).
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirCaríssimo anônimo,
ExcluirSim, sim. Eu agregaria que a resiliência é um bom instrumento para que surjam dias inesperados, ou esperados. Quem sabe não esteja mais próximo do que imaginemos.
Um grande abraço
P.S: Continue a visitar o blog!