domingo, 26 de abril de 2015

A vida é uma curva

A vida é um sopro, é o documentário produzido em 2007, para retratar as principais construções de Oscar Niemeyer no século XX. Segundo o próprio homenageado, o que ele queria trazer para arquitetura era a criatividade, e a partir disso, misturar o concreto e  as curvas. Desde a sua estreia em 1936, quando construiu o edifício Gustavo Capanema, do Ministério da Saúde e Educação, em parceria com Le Corbusier, o país conheceu alguém disposto a deixar a sua marca na identidade brasileira. Advindo da geração brasileira de 1930, formada pelos nomes poderosos de Gilberto Freyre, Sergio Buarque de Hollanda, Caio Prado, Celso Furtado, o arquiteto encontrou o seu auge nos anos de 1950 e 1960. Nesse período em parceria com Juscelino Kubitschek produziu a nova capital do país, a querida Brasília. A Praça dos Três Poderes simboliza a mesclagem de arquitetura e política, em que prédios mesclados de riscos e concreto dão unidade ao espaço. Um diálogo entre as três forças que sustentam a democracia brasileira. O mais importante da obra é que em todas as partes do espaço é possível visualizar essas forças, o que dá a impressão de equilíbrio, como no famoso sistema de pesos e contrapesos do Direito. 
Após encontrar o reconhecimento nacional, Oscar Niemeyer rompe a barreira local, tornando-se um arquiteto universal. Obras magníficas em outros países, como no ano de 1947, a sede da ONU em Nova York; no ano de 1974, a Universidade de Argel na Argélia; ou no ano de 1964, a sede do Partido Comunista  na França, dão o tom moderno característico do brasileiro. O reconhecimento de seu trabalho também chega de outras artes. No documentário, alguns nomes importantes definiram o arquiteto, tais como Eduardo Galeano, José Saramago, Eric Hobsbawm, Chico Buarque, Ferreira Goulart, etc. Segundo o escritor uruguaio, as obras de Niemeyer retratam as curvas sensuais do Rio de Janeiro, as curvas das montanhas desenhadas por Deus. E Ele, se disfarçou de Niemeyer para criá-las.    
Memorial da Cabanagem em Belém do Pará
Em termos conclusivos, lembro que as obras de Oscar Niemeyer sempre estiveram ligadas de alguma forma com o Brasil. Em todas as partes do país encontramos tais preciosidades, e para mim, não foi diferente. Em 1985, ele construiu o Memorial da Cabanagem em Belém do Pará. Uma mão de concreto apontando para cima, para o céu, para a esperança cabana diante do poder imperial. E não menos trágico,o polegar estava decepado, para sinalizar a queda, a derrota do movimento perante as autoridades entre 1835-1840. Mas a esperança ficou, como aliás, sempre esteve com Oscar Niemeyer mesmo que a vida fosse apenas um sopro, ou, uma curva.



 
" Oscar Niemeyer -A vida é um Sopro", reproduzido pelo Canal Youtube

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