O dia vislumbrava poucas
perspectivas, como acontecia com frequência naqueles tempos. A vida se resumia
aos textos, artigos, ir e vir para Universidade. E também, havia um termino recente
de relacionamento, o primeiro, que foi doloroso e intenso. Sua vida era pensar
no porquê daquela epopeia haver dado errado, afinal tinham acertado buscar o
eterno. Ele era imaturo. Sendo assim, não saberia conviver próximo do que
considerava um fracasso pessoal. Estava querendo apagar lembranças, recordações
e qualquer coisa que remetia aquela pessoa. Mal ele saberia que no futuro
estariam mais próximos do que aquela promessa vaga: “Acabou. Não existe
possibilidade de sermos amigos. Isso não existe para mim. ” Era duro e radical.
Soava até a amargura. Entretanto, as coisas iriam mudar radicalmente. Num
simples encontro virtual, na busca incessante pelo novo, achou algo que lhe
prendia na tela: a escrita perfeita! Ela falava que no meio do caminho... e a
leitura ia hipnotizando. Aquilo fazia ele se identificar com o texto, pois falava
de relações humanas. Dizia, por um lado algo sobre aquele impulso inicial,
comum e apaixonado, e por outro lado algo sobre o fim, a fadiga, que chegava em
muitos casais. Sentiu uma felicidade imensa ao terminar aquele texto. E decidiu
fazer um comentário cortês, na verdade pensou: Ela tem um nome interessante,
uma escrita igual, quem sabe?! E logo retirou aquela loucura da cabeça, fechou
a página de internet abruptamente, como se estivesse cometendo um crime imoral.
Mas foi traído pela contradição, sua consciência lhe dizia: faça! Ele
simplesmente voltou aquele lugar. E pensou mais 3 vezes antes de escrever algo.
Achou que aquela letra estava mal colocada, que aquela ortografia não estava
afiada, que...que...que...por quê estou pensando tanto nisso, nem a conheço! E sem perceber, havia mandado a mensagem. Se
sentiu imensamente culpado, e ao mesmo tempo, se sentiu num filme de aventura:
descobrindo o novo. Novidade. Ela não deixava margem para descobertas
investigativas, mesmo que ele começasse a ler compulsivamente tudo que
escrevia. Entre uma pesquisa e outra, lembrava que não deveria começar isso
outra vez, porque ainda estava ligado de alguma forma aquela outra pessoa. O ressentimento
acanhou o espírito. Decidiu esquecer aquilo, senão poderia começar a ficar
bitolado. E o dia, de contornos rotineiros passou a indagações estimulantes: quem
é você?
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