quinta-feira, 14 de maio de 2015

Memórias e Histórias

13/05/2010


O dia vislumbrava poucas perspectivas, como acontecia com frequência naqueles tempos. A vida se resumia aos textos, artigos, ir e vir para Universidade. E também, havia um termino recente de relacionamento, o primeiro, que foi doloroso e intenso. Sua vida era pensar no porquê daquela epopeia haver dado errado, afinal tinham acertado buscar o eterno. Ele era imaturo. Sendo assim, não saberia conviver próximo do que considerava um fracasso pessoal. Estava querendo apagar lembranças, recordações e qualquer coisa que remetia aquela pessoa. Mal ele saberia que no futuro estariam mais próximos do que aquela promessa vaga: “Acabou. Não existe possibilidade de sermos amigos. Isso não existe para mim. ” Era duro e radical. Soava até a amargura. Entretanto, as coisas iriam mudar radicalmente.   Num simples encontro virtual, na busca incessante pelo novo, achou algo que lhe prendia na tela: a escrita perfeita! Ela falava que no meio do caminho... e a leitura ia hipnotizando. Aquilo fazia ele se identificar com o texto, pois falava de relações humanas. Dizia, por um lado algo sobre aquele impulso inicial, comum e apaixonado, e por outro lado algo sobre o fim, a fadiga, que chegava em muitos casais. Sentiu uma felicidade imensa ao terminar aquele texto. E decidiu fazer um comentário cortês, na verdade pensou: Ela tem um nome interessante, uma escrita igual, quem sabe?! E logo retirou aquela loucura da cabeça, fechou a página de internet abruptamente, como se estivesse cometendo um crime imoral. Mas foi traído pela contradição, sua consciência lhe dizia: faça! Ele simplesmente voltou aquele lugar. E pensou mais 3 vezes antes de escrever algo. Achou que aquela letra estava mal colocada, que aquela ortografia não estava afiada, que...que...que...por quê estou pensando tanto nisso, nem a conheço!  E sem perceber, havia mandado a mensagem. Se sentiu imensamente culpado, e ao mesmo tempo, se sentiu num filme de aventura: descobrindo o novo. Novidade. Ela não deixava margem para descobertas investigativas, mesmo que ele começasse a ler compulsivamente tudo que escrevia. Entre uma pesquisa e outra, lembrava que não deveria começar isso outra vez, porque ainda estava ligado de alguma forma aquela outra pessoa. O ressentimento acanhou o espírito. Decidiu esquecer aquilo, senão poderia começar a ficar bitolado. E o dia, de contornos rotineiros passou a indagações estimulantes: quem é você?

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