No último dia 23 de março do corrente, o historiador Evaldo Cabral de Mello foi empossado na Academia Brasileira de Letras (ABL). O pernambucano é conhecido pela escrita da história da invasão holandesa em Pernambuco, em especial nas negociações diplomáticas entre lusos e holandeses (1646-1669), e também mais recentemente, pela história do apoio dos funcionários públicos à Independência do Brasil. Seu cabedal de livros inclui :Olinda restaurada (1975), O norte agrário e o Império (1984), Rubro (1986), O nome e o sangue (1989), A fronda dos mazombos (1995), O negócio do Brasil (1998), A ferida de Narciso (2001), Nassau: governador do Brasil Holandês (2006) e Volume Essencial Joaquim Nabuco (organização).
O historiador nasceu no Recife em 1936 e atualmente mora no Rio de Janeiro. Estudou Filosofia da História em Madri e Londres. Em 1960, ingressou no Instituto Rio Branco e dois anos depois iniciou a carreira diplomática. Serviu nas embaixadas do Brasil em Washington, Madri, Paris, Lima e Barbados, e também nas missões do Brasil em Nova York e Genebra, e nos consulados gerais do Brasil em Lisboa e Marselha. Em seus momentos mais íntimos, revelam-se o parentesco com o poeta João Cabral de Melo Neto (ocupante da cadeira 37 da ABL entre 1969-1999) e o intelectual Gilberto Freyre.
Na cerimônia, ele foi recebido pelo acadêmico Eduardo Portela. Ele é o oitavo ocupante do assento 34, sucedendo João Ubaldo Ribeiro. Está cadeira está intimamente ligada ao trabalho de historiador, porque ao longo do tempo fora o lugar de ocupantes como: João Manuel Pereira da Silva que escreveu sobre a história do Império; Barão do Rio Branco que escreveu sobre a história político, militar e diplomática; Don Francisco de Aquino Corrêa que escreveu sobre a história do bispado e dos limites do Mato Grosso; Raimundo Magalhães Júnior que escreveu sobre a história biográfica; Carlos Castelo Branco que escreveu sobre a história do regime militar; e finalmente, João Ubaldo Ribeiro que escreveu prosa sobre o passado da Bahia ao longo de 300 anos. Também, o político Lauro Müller fez parte desse grupo.
Na presenças dos ilustres colegas, tais como Celso Lafer, José Sarney, Alberto da Costa e Silva, José Murilo de Carvalho, Eduardo Portela, dentre outros, o Historiador discursou sobre o seu trabalho. Segundo ele, aquele que escreve história deve lidar com a verdade, em consonância com o uso da ficção. Nela, faz-se imprescindível que narratividade e diacronia sejam o núcleo da História. Porém, disse que os historiadores atuais perderam essa capacidade. Por fim, ao se referir a possibilidade da interdisciplinaridade, ressaltou que Historiador é o sabotador nato do sociólogo e economista, em outras palavras, ele está na retaguarda das Ciências Humanas.
Confira a cerimônia de posse na íntegra:
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